"Foi a primeira coisa que existiu
o silêncio que ninguém ouviu
o som do gelo derretendo
o barulho do cabelo em crescimento
e a música do vento..."
(Arnaldo Antunes)
Ai como é bom ouvir o silêncio
e ficar com ele mesmo quando se tem campanhia...
Pra mim é um prazer que se iguala ao de estar sozinha cantarolando uma música
ou falando um texto que eu goste muito!
Como é bom estar com alguém e saber ficar em silêncio,
ouvindo, ouvindo, ouvindo... nada.
A cidade já é barulhenta demais e é cada vez mais raro encontrar pessoas que não falem o tempo todo sem parar... ai que agonia que isso me dá!
Cada vez mais me convenso de que as pessoas estão cada vez menos procupadas em ouvir umas as outras e ao mesmo tempo todas querem falar, contar, dizer, explicar, criticar, desabafar, ou vomitar palavras no ouvido dos outros.
"É do silêncio que nasce o ouvir. Só posso ouvir a palavra, se meus ruídos interiores forem silenciados. Só posso ouvir a verdade do outro se eu parar de tagarelar." Essa é do meu guru Rubem Alves.
Tenho sentido cada vez mais a necessidade de desenvolver o talento do "ouvido seletivo", aquele estado de concentração em que podemos ter a capacidade de não ouvir abobrinhas! Como se pudéssemos bloquear a entrada de sons que possam poluir a nossa mente... enquanto isso tenho conseguido um pouco com a ajuda da minha imaginação, que consegue, muitas vezes levar meus pensamentos para lugares mais interessantes enquanto alguém (ou muitas alguéns juntas!) despeja palavras não bem-vindas em meus ouvidos...
Pra acabar mais uma bendita reflexão sobre o silêncio, é do Mário Quintana:
"Há um grande silêncio que está sempre à escuta...
E a gente se põe a dizer inquietamente qualquer coisa,
qualquer coisa, seja o que for,
desde a corriqueira dúvida sobre se chove ou não chove hoje
até a tua dúvida metafísica, Hamleto!
E, por todo o sempre, enquanto a gente
fala, fala, fala
o silêncio escuta...
e cala."
Folhas ao Vento
Há 5 anos